Simulado Câmara Municipal de Belo Horizonte - CMBH | Técnico Legislativo II | 2019 pre-edital | Questão 23

Língua Portuguesa / Conhecimento da língua / Emprego de tempos e modos verbais


Vida digital Dentre as muitas coisas intrigantes, poucas há tão misteriosas quanto o tempo. A ironia é que mal nos damos conta 
disso.  Estando  desde  o  nascimento  submetidos  a  uma  mesma  noção  de  tempo,  aceita  por  todos  a  nossa  volta, 
tendemos a achar que ela é a única que corresponde à realidade. Causa um grande choque saber que outras culturas 
têm  formas diferentes de perceber o  tempo e de  representar o curso da história. Ainda assim, acreditamos que elas 
estão erradas e nós, certos. Ledo engano.  
Historicamente,  o  tempo  foi  percebido  de  formas  diferentes.  Os  gregos  antigos  tinham  uma  noção  cíclica  do 
tempo. Para eles, o tempo se  iniciava com as prodigiosas eras de ouro e dos deuses, declinando depois, até chegar à 
crise final com a fraqueza e penúria da era dos homens, quando, então, se reiniciava o ciclo. Para os romanos, o tempo 
se enfraquecia na medida em que  se afastava do mais  sagrado dos eventos: a  fundação de Roma. Na  Idade Média, 
prevalecia o  tempo  recursivo, pelo qual os  cristãos acreditavam percorrer uma  via penitencial, desde a expulsão do 
Jardim do Éden até o retorno ao Paraíso.  
Foi só com a consolidação do capitalismo, a partir do Renascimento, que passou a prevalecer uma noção de tempo 
quantitativo, dividido em unidades  idênticas e vazias de qualquer conteúdo mítico, cujo símbolo máximo foi o relógio 
mecânico,  com  seu  incansável  tic‐tac.  Essa  foi  também  a  época  em  que  a  ciência  e  a  técnica  se  tornaram 
preponderantes. Nesse contexto, o maior dos cientistas modernos, Sir. Isaac Newton, formalizou o conceito de tempo 
como sendo absoluto. Como pertencemos a esse tempo moderno, é ele que apreendemos, em casa, na escola e nos 
relógios ao redor. E achamos, como Newton, que ele é o único verdadeiro!  
Mas o mundo moderno foi‐se complicando, e esse conceito fixo e fechado se tornou cada vez menos satisfatório. 
De fato, o amplo conhecimento de outras culturas e as grandes transformações científicas forçaram a admitir que cada 
povo cria as noções de tempo que correspondam às suas formas e necessidades de vida.  
O que é claro, no caso da cultura moderna, é que nossa percepção de tempo ficou coligada ao desenvolvimento 
tecnológico. Assim, dos moinhos de vento às caravelas, às ferrovias, aos veículos automotores, aos transatlânticos, aos 
aviões,  ao  cinema,  ao  rádio,  e  à  tevê,  sentimos  um  efeito  de  aceleração  permanente.  O  último  e mais  dramático 
episódio nesta saga da aceleração foi assinalado pela Revolução da microeletrônica, a partir dos anos 70. Num repente, 
fomos  invadidos por  inúmeros prodígios  técnicos:  fax, bips, PCs,  celulares, TVs  a  cabo, modems,  e‐mail... O  aparato 
digital entrava em cena, em toda a sua multiplicidade de recursos.  
Tudo parece convergir para  tornar as comunicações mais  rápidas, o  trabalho mais produtivo, a vida mais  fácil e 
para  configurar uma nova  concepção de  tempo: um  tempo extremamente  célere,  controlado, agora, pelo homem e 
suas tecnologias digitais.   (Nicolau Sevcenko. IstoÉ, Edição especial. Vida digital, 1999. Adaptado.)



Assinale a afirmativa, transcrita do texto, que expressa circunstância de modo.

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Fonte: AGENTE DE ATENDIMENTO PúBLICO / Pref. Ibiraçu/ES / 2015 / CONSULPLAN