Simulado Câmara Municipal de Belo Horizonte - CMBH | Técnico Legislativo II | 2019 pre-edital | Questão 29

Língua Portuguesa / Conhecimento da língua / Emprego do nome


Refugiados: enfim, a Europa se curva 

No auge da crise migratória, o continente aceita receber mais estrangeiros.  
O desafio agora é como integrá‐los à sociedade. 
Era abril quando mais de 1.3 mil pessoas haviam morrido na  travessia do Mar Mediterrâneo para a Europa, um 
número recorde, e o filósofo e escritor italiano Umberto Eco foi questionado pelo jornal português Expresso como via a 
tragédia. “A Europa irá mudar de cor, tal como os Estados Unidos”, disse. Eco se referia à previsão de que, até 2050, os 
brancos deixarão de ser a maioria da população americana. “Esse é um processo que demorará muito tempo e custará 
muito  sangue.” Diante da  atual  crise  de migrantes  e  refugiados pela qual passa o  continente, que  recebeu  350 mil 
estrangeiros até agosto, o diagnóstico de Eco não poderia ter sido mais preciso. Na semana passada, enquanto cidadãos 
de diversos países  receberam os  refugiados  com mensagens de boas  vindas,  alimentos  e  roupas,  as  autoridades da 
União Europeia  se  curvaram à gravidade da  situação, e decidiram abrir as  fronteiras para acolher 160 mil pessoas e 
dividi‐las  entre  os  22  países  do  bloco.  A  maioria  vai  para  Alemanha,  França  e  Espanha.  O  processo  continua       
sangrento – ao menos 2,5 mil pessoas  já desapareceram no Mediterrâneo –, mas pode ser o propulsor de uma nova 
Europa, talvez mais solidária e certamente mais colorida. 
Cada vez mais, a economia do continente precisa de mão‐de‐obra jovem para continuar avançando e, sobretudo, 
reduzir a pressão sobre o sistema de aposentadorias e pensões. Por isso, além das óbvias razões humanitárias, receber 
os refugiados é uma questão prática. Nos cálculos da Comissão Europeia, cada mulher tem, em média, 1,5 filho hoje. O 
mesmo  relatório  concluiu  que,  nos  próximos  anos,  a  “população  europeia  se  tornará  cada  vez  mais  grisalha”.  Na 
Alemanha, onde, desde 1972, morre mais gente do que nasce, o fator de equilíbrio que tem feito a população crescer é 
justamente o saldo positivo da chegada de imigrantes. 
A  recente  onda  de  solidariedade  começou  em  Berlim,  que  suspendeu  a  Convenção  de  Dublin  e  permitiu  que 
refugiados sírios pedissem asilo diretamente à Alemanha, mesmo que esse não fosse o primeiro país aonde chegaram. 
Mais do que isso, num esforço para ajudá‐los a conseguir emprego e torná‐los produtivos, o governo de Angela Merkel 
prometeu aumentar a oferta de cursos intensivos de alemão e programas de treinamento a pessoas em busca de asilo. 
Com capacidade para receber meio milhão de refugiados por ano (em 2015, já foram 450 mil), o país deve empregar 6 
bilhões de euros nessa crise. 
Enquanto  a  Europa  desperta  para  a  nova  realidade,  em  que  a  miscigenação  ganha  importância,  a  religião 
permanece  como um dos principais entraves para a  integração. Ainda que não existam dados  consolidados  sobre o 
tema, as nações que mais exportam migrantes,  Síria e Afeganistão,  são de maioria muçulmana e  representantes de 
países  como Hungria,  Bulgária  e  Chipre  já  disseram  preferir  os  cristãos  aos muçulmanos  com  o  argumento  de  que 
aqueles se adaptariam melhor aos costumes  locais.  Indiferente às críticas sobre discriminação, a Áustria  foi além. Em 
fevereiro, o governo austríaco, que tem sido dos mais refratários em relação aos migrantes, aprovou uma lei que regula 
a prática do  islamismo no país. Os muçulmanos de  lá  tiveram  seus  feriados  religiosos  reconhecidos, mas  só podem 
realizar suas atividades de culto em alemão e as mesquitas não podem receber financiamento estrangeiro. A regra não 
serve para outras religiões. Para os austríacos, ela ajuda na integração dos estrangeiros e evita a radicalização. Para os 
contrários à  lei, o  resultado é  justamente o oposto. “Por que um muçulmano  se  torna  fundamentalista na França?”, 
pergunta Umberto Eco. “Acha que isso aconteceria se vivesse num apartamento perto de Notre Dame?”  (Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/436154_REFUGIADOS+ENFIM+A+EUROPA+SE+CURVA. Acesso em: 14/09/2015.)

“ A  recente  onda  de  solidariedade  começou  em  Berlim,  que  suspendeu  a  Convenção  de  Dublin  e  permitiu  que  refugiados  sírios  pedissem  asilo  diretamente  à  Alemanha,  mesmo  que  esse  não  fosse  o  primeiro  país  aonde  chegaram.”  (3º§)  Os  termos  sublinhados,  de  acordo  com  a  classe  gramatical  de  palavras,  são  classificados,  respectivamente, como

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Fonte: AGENTE DE ADMINISTRAçãO / Pref. Patos de Minas/MG / 2015 / CONSULPLAN