Simulado Câmara Municipal de Belo Horizonte - CMBH | Técnico Legislativo II | 2019 pre-edital | Questão 54

Língua Portuguesa / Conhecimento da língua / Pontuação


Estradas para a perdição? Numa época em que quase todo mundo carrega um GPS facílimo de operar no bolso ou na bolsa, imagens de
satélite nunca foram tão banais. Dois toques na tela do celular são suficientes para que o sujeito consiga examinar uma
representação mais ou menos realista e atualizada da Terra vista do espaço.
Mesmo assim, uma forma inovadora de enxergar o nosso planeta, bolada por uma equipe internacional de
cientistas, é capaz de deixar surpreso – e cabreiro – quem ainda tem um pouco de imaginação. O trabalho revela um
globo retalhado por estradas, um "bolo planetário" cortado em 600 mil pedacinhos.
Note, aliás, que essa estimativa do número de fatias separadas pela ação humana provavelmente é conservadora –
ainda faltam dados a respeito de certas áreas, o que significa que o impacto global das estradas deve ser ainda maior.
De qualquer jeito, se você achava que a Terra ainda está repleta de vastas áreas intocadas pela nossa espécie,
pense de novo.
A pesquisa, que acaba de sair na revista "Science", indica que mais da metade dos pedaços de chão não
atravessados por estradas têm área de menos de 1 km², e 80% desses trechos medem menos de 5 km² de área. Grandes
áreas contínuas (com mais de 100 km²), sem brechas abertas especificamente para o tráfego humano, são apenas 7%
do total.
E daí? Decerto uma estradinha passando nas vizinhas não faz tão mal assim, faz? Muito pelo contrário, indica a
literatura científica avaliada pela equipe do estudo, que inclui a brasileira Mariana Vale, do Departamento de Ecologia
da UFRJ.
Para calcular as fatias em que o planeta foi picado, Mariana e seus colegas utilizaram como critério uma distância
de pelo menos 1 km da estrada mais próxima – isso porque distâncias iguais ou inferiores a 1 km estão ligadas a uma
série de efeitos negativos das estradas sobre os ambientes naturais que cortam.
Estradas são, é claro, vias de acesso para caçadores e gente munida de motosserras; trazem poluentes dos carros e
caminhões para as matas e os rios; além de trazer gente, trazem espécies invasoras (não nativas da região) que muitas
vezes deixam as criaturas nativas em maus lençóis. Considere ainda que estradas, em certo sentido, dão cria: a abertura
de uma rodovia em regiões como a Amazônia quase inevitavelmente estimula a abertura de ramais secundários, dos
quais nascem outras picadas, num processo que vai capilarizando a devastação. [...] (Reinaldo José Lopes. Folha de S. Paulo. 18 de dezembro de 2016.)

A expressão em destaque em “Estradas são, é claro, vias de acesso para caçadores [...]” (8º§) aparece entre vírgulas
por indicar

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Fonte: ADMINISTRADOR / Pref. Sabará/MG / 2017 / CONSULPLAN