Simulado Empresa de Pesquisa Energética - EPE | Assistente Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 33

Língua Portuguesa / Emprego do sinal indicativo de crase


INCOERENTE, EU?
Uma reflexão sobre coerência e coesão textuais
Você já escreveu ou falou alguma coisa que foi
considerada incoerente por outra pessoa? Não? En-
tão, vamos reformular a pergunta: você já escreveu
ou falou alguma coisa que foi entendida de maneira
diferente da que você gostaria que entendessem?
E aí? Mudou de opinião?
Pois é, que atire o primeiro dicionário quem nun-
ca foi interpretado de maneira diferente daquilo que
quis veicular. Seja por causa da falta de informação
ou do seu excesso; seja pelo fato de a mensagem
não possuir elementos contextualizadores suficien-
tes, como título, autoria, assinatura (no caso do escri-
to) ou gestos, olhares, entoação (no caso do falado);
ou, ainda, seja porque o conhecimento do conteúdo
veiculado não era partilhado suficientemente com o
interlocutor (leitor ou ouvinte). Todas essas razões
nos fazem pensar que, quando chamamos um tex-
to de incoerente, estamos nos referindo à não ativa-
ção de elementos necessários para que tanto o fa-
lante/escritor como o ouvinte/leitor atribuam sentido.
A escola nos ajudou a pensar assim?
Vários pedagogos e estudiosos da educação
têm relatado que o ensino de Língua portuguesa,
por muito tempo, se posicionou sobre o assunto de
modo bastante negligente, não abordando os motivos
empíricos que fazem com que os textos possam ser
considerados incoerentes. Quem não se recorda de
algum professor que tenha devolvido ao aluno seu
texto escrito com uma cruz enorme em vermelho
acompanhada da frase “Seu texto está incoerente”?
Muitas vezes, nessas situações, o aluno recebe a
correção, mas não chegam a ele as orientações para
entender o que pode melhorar no texto e o que faz
dele incoerente. [...]
A coerência de um texto depende majoritaria-
mente da troca de informações entre os interlocu-
tores, muito mais do que a construção sintática que
possui, assim como a atribuição de coerência está
ligada diretamente aos nossos conhecimentos sobre
o assunto. No entanto, o puro conhecimento socio-
cognitivo não é suficiente se não apreendemos os
aspectos estritamente linguísticos. Caso o leitor não
compreenda o código ali colocado, a coerência não
se constituirá. Isso pode ocorrer quando há alguma
expressão no texto de uma língua diferente daque-
la usada pelo leitor, como o latim (ad hoc ), o fran-
cês (déjà vu ), ou o inglês ( mainstream ). Ou, ainda,
quando o registro é extremamente específico de uma
área, como os famosos jargões técnicos: vocabulá-
rios jurídico, médico etc.
Além do conhecimento das palavras, a re-
lação sintática também é de suma importância.
O estabelecimento da mútua compreensão sobre a
sintaxe entre os interlocutores é chamado de coesão
textual. Ela não só está comprometida com a estru-
tura do texto, isto é, a ligação entre os termos e as
frases, como também com a semântica, ou seja, o
sentido que advém dessa estrutura e que é atribuído
pelos interlocutores. MELO, Iran Ferreira de. Incoerente, eu? Uma reflexão
sobre coerência e coesão textuais. Revista Conhecimento
Prático: Língua portuguesa. São Paulo: Escala, n. 16,
jan. 2009. p. 8-11. Adaptado.

Observa-se o uso adequado do acento grave no trecho “estamos nos referindo à não ativação de elementos” (L. 18-19).
Verifica-se um DESRESPEITO à norma-padrão quanto ao emprego desse acento em:

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Fonte: ANALISTA DA CMB - ANáLISE DE NEGóCIOS / Casa da Moeda / 2012 / CESGRANRIO