Simulado Instituto Nacional do Seguro Social - INSS | Analista - Formação em Administração | 2019 pre-edital | Questão 341

Língua Portuguesa / Regência nominal e verbal


O arroz da raposa Julio Cortázar tem um conto que sai de um palíndromo −
“Satarsa”. Um menino brinca de desarticular as palavras. No
fundo, um escritor é um sujeito que pela vida afora continua a
mexer com as palavras. Para diante delas, estranha esta,
questiona aquela. O menino de Cortázar, que devia ser ele
mesmo, virava a palavra pelo avesso e se encantava. Saber
que a leitura pode ser feita de trás para diante é uma aventura.
E às vezes dá certo. No conto “Satarsa”, a palavra é
ROMA. Lida ao contrário, também faz sentido. Deixa de ser
ROMA e vira AMOR. Para o leitor adulto e apressado, isso pode
ser uma bobagem. Para o menino é uma descoberta fascinante.
Olhos curiosos, o menino vê a partir daí que o mundo pode ser
arrumado de várias maneiras. Não só o mundo das palavras. É
a partir dessa possibilidade de mudar que o mundo se renova. E
melhora.
Ou piora. Não teria graça se só melhorasse. O risco de
piorar é fundamental na aventura humana. Mas estou me
afastando da história do Cortázar. E sobretudo do que pretendo
dizer. Ou pretendia. No embalo das palavras, vou me deixando
arrastar de brincadeira, como o menino do conto. Um dia ele
encontrou esta frase: “Dábale arroz a la zorra el abad”. Em
português, significa: “O vigário dava arroz à raposa”. Soa
estranho isso, não soa?
Mesmo para um menino aberto ao que der e vier, a frase
é bastante surrealista, mas o que importa é que a oração em
espanhol pode ser lida de trás para diante. E fica igualzinha.
Pois este palíndromo não só encantou o menino Cortázar, como
decidiu o seu destino de escritor. Isto sou eu quem digo.
Ele percebeu aí que as palavras podem se relacionar de
maneira diferente. E mágica. Sem essa consciência, não há
poeta, nem poesia. Como a criança, o poeta tem um olhar novo.
Lê de trás para diante. Cheguei até aqui e não disse o que
queria. Digo então que tentei uma série de anagramas com o
Brasil de hoje. Quem sabe virando pelo avesso a gente acha o
sentido? (Adaptado de Otto Lara Resende. Bom dia para nascer.
S.Paulo: Cia. das Letras, 2011. p.296-7)

Julio Cortázar tem um conto que ...... de um palíndromo − “Satarsa”. Um menino ...... de desarticular as palavras. No fundo, um escritor é um sujeito que pela vida afora continua a ...... com as palavras.

Respeitando-se a correção gramatical, as lacunas da frase acima podem ser preenchidas, na ordem dada, por:

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO ÁREA ADMINISTRATIVA / TRF 5ª / 2012 / FCC