Simulado Ministério Público do Estado da Paraíba - MPPB | Técnico Ministerial - Sem Especialidade | 2019 pre-edital | Questão 526

Português / Pontuação


Da utilidade dos prefácios Li outro dia em algum lugar que os prefácios são textos
inúteis, já que em 100% dos casos o prefaciador é convocado
com o compromisso exclusivo de falar bem do autor e da obra
em questão. Garantido o tom elogioso, o prefácio ainda aponta
características evidentes do texto que virá, que o leitor poderia
ter muito prazer em descobrir sozinho. Nos casos mais graves,
o prefácio adianta elementos da história a ser narrada (quando
se trata de ficção), ou antecipa estrofes inteiras (quando poe-
sia), ou elenca os argumentos de base a serem desenvolvidos
(quando estudos ou ensaios). Quer dizer: mais do que inútil, o
prefácio seria um estraga-prazeres.
Pois vou na contramão dessa crítica mal-humorada aos
prefácios e prefaciadores, embora concorde que muitas vezes
ela proceda − o que não justifica a generalização devastadora.
Meu argumento é simples e pessoal: em muitos livros que li, a
melhor coisa era o prefácio − fosse pelo estilo do prefaciador,
muito melhor do que o do autor da obra, fosse pela consistência
das ideias defendidas, muito mais sólidas do que as expostas
no texto principal. Há casos célebres de bibliografias que in-
dicam apenas o prefácio de uma obra, ficando claro que o res-
tante é desnecessário. E ninguém controla a possibilidade, por
exemplo, de o prefaciador ser muito mais espirituoso e in-
teligente do que o amigo cujo texto ele apresenta. Mas como ar-
gumento final vou glosar uma observação de Machado de
Assis: quando o prefácio e o texto principal são ruins, o primeiro
sempre terá sobre o segundo a vantagem de ser bem mais
curto.
Há muito tempo me deparei com o prefácio que um gran-
de poeta, dos maiores do Brasil, escreveu para um livrinho de
poemas bem fraquinhos de uma jovem, linda e famosa modelo.
Pois o velho poeta tratava a moça como se fosse uma Cecília
Meireles (que, aliás, além de grande escritora era também lin-
da). Não havia dúvida: o poeta, embevecido, estava mesmo era
prefaciando o poder de sedução da jovem, linda e nada ta-
lentosa poetisa. Mas ele conseguiu inventar tantas qualidades
para os poemas da moça que o prefácio acabou sendo, so-
zinho, mais uma prova da imaginação de um grande gênio poé-
tico. (Aderbal Siqueira Justo, inédito)

Quanto à pontuação, a frase inteiramente correta é:

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO - CONTABILIDADE / TRT 16ª / 2014 / FCC