Simulado Polícia Civil do Ceará - PCCE | Delegado de Polícia | 2019 pre-edital | Questão 793

Língua Portuguesa / Pontuação


Limites do humor Até onde o humor pode ir? Vale gozar da religião dos
outros? E quanto a piadas francamente racistas, sexistas e homo-
fóbicas? Sou da opinião de que, enquanto o alvo das pilhérias
são instituições e mesmo grupos, vale tudo. Balanço um pouco
quando a vítima é uma pessoa física específica, hipótese em que
talvez caiba discutir alguma forma de indenização.
Tendemos a ver o humor como um aspecto lateral e até me-
nor de nossas vidas, mas isso é um erro. Ele desempenha múlti-
plas funções sociais, algumas delas bastante importantes, ainda
que não muito visíveis. O filósofo Henri Bergson, por exemplo,
observou que o temor de tornar-se objeto de riso dos outros
reprime as excentricidades mais salientes do indivíduo. O hu-
mor funciona aqui como uma espécie de superego social portátil.
Nisso ele até se parece com as religiões, só que vai muito além.
O psicólogo evolucionista Steven Pinker atribui aos gracejos
a propriedade de azeitar as relações sociais. O tom de brincadeira
nos permite comunicar de modo amigável a um interlocutor uma
informação que, de outra maneira, poderia ser interpretada como
hostil. Isso pode não apenas evitar o conflito como ainda dar
início a uma bela amizade.
Talvez mais importante, o humor é uma formidável arma
que os mais fracos podem usar contra os mais fortes. O riso
coletivo é capaz de sincronizar reações individuais, o que o torna
profundamente subversivo. As piadas que se contavam no Leste
Europeu sobre as agruras do socialismo, por exemplo, ao possi-
bilitar que as pessoas revelassem suas desconfianças em relação
aos governos sem expor-se em demasia, contribuíram decisiva-
mente para a derrocada dos regimes comunistas que ali vigiam.
Temos aqui três excelentes razões para deixar o humor tão
livre de amarras legais quanto possível. Quem não gostar de uma
piada sempre pode protestar, dizer que não teve graça ou até ca-
çoar de volta. (Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo, 22 de janeiro de 2014. Adaptado)


azeitar = temperar

O trecho – O psicólogo evolucionista Steven Pinker atribui
aos gracejos a propriedade de azeitar as relações sociais.
(3.º parágrafo) – reescrito, mantém o mesmo sentido do texto e a correta pontuação em:

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Fonte: ADMINISTRADOR / UNIFESP / 2014 / VUNESP