Simulado Polícia Civil do Estado do Amapá - PC/AP | Delegado de Polícia | 2019 pre-edital | Questão 887

Língua Portuguesa / Vozes do verbo


A tragédia vinha sendo anunciada: desde o começo do ano, Nabiré parecia cansada. Portadora de um cisto no ovário, carrega-
va seu corpo de 31 anos e 2 toneladas com mais dificuldade. Ainda assim, atravessou aquele 27 de julho em relativa normalidade.
Comeu feno, caminhou na areia, rolou na poça de lama para proteger-se do sol. Ao fim da tarde, recolheu-se aos seus aposentos –
uma área fechada no zoológico Dvůr Králové, na República Tcheca. Deitou-se, dormiu – e nunca mais acordou. No dia seguinte, o di-
retor da instituição descreveria a perda como “terrível”, definindo-a como “um símbolo do declínio catastrófico dos rinocerontes devido
à ganância humana”.
Nabiré representava 20% dos rinocerontes-brancos-do-norte ainda vivos. A espécie está extinta na natureza. Dos quatro
remanescentes, três vivem numa reserva ecológica no Quênia, protegidos por homens armados. O restante – uma fêmea chamada
Nola – mora num zoológico nos Estados Unidos. São todos idosos e, até que se prove o contrário, inférteis.
Surgido como um adorno que conferia sucesso reprodutivo ao portador (como a juba, no caso do leão), o chifre acabaria por
selar o destino trágico do paquiderme. Passou a ser usado para tratar diversas doenças na medicina oriental. De nada valeram
inúmeros estudos científicos mostrando a inocuidade da substância. O chifre virou artigo valiosíssimo no mercado negro da caça.
Segundo estimativas, no começo do século XX a ordem dos rinocerontes era representada por um plantel de meio milhão de
animais. Hoje restam apenas 29 mil, divididos em cinco espécies. A que está em estado mais crítico é a subespécie branca-do-norte.
O rinoceronte-branco-do-norte era endêmico do Congo – país que ainda sofre os efeitos de uma guerra civil iniciada em 1996
que já deixou um saldo de ao menos 5 milhões de pessoas mortas. Diante desse quadro, não houve quem zelasse pelo animal.
Nabiré foi um dos quatro rinocerontes-brancos-do-norte nascidos em cativeiro, no próprio zoológico. Após o nascimento de
Fatu, no mesmo zoológico, quinze anos mais tarde, nenhuma outra fêmea de rinoceronte-branco-do-norte conseguiu engravidar. Por
isso, em 2009, os quatro rinocerontes-brancos-do-norte que faziam companhia a Nabiré foram levados para um reserva no Quênia.
Como nem a inseminação artificial tivesse funcionado, havia a esperança última de que um habitat selvagem pudesse surtir algum
efeito. Porém, não houve resultado.
Nabiré não viajou com o grupo por ser portadora de uma doença: nasceu com ovário policístico, o que a tornava infértil. “Foi a
rinoceronte mais doce que tivemos no zoológico”, disse o diretor de projetos internacionais do zoológico. “Nasceu e cresceu aqui. Foi
como perder um membro da família.”
Há uma esperança remota de que a espécie ainda seja preservada por fertilização in vitro. “Nossa única esperança é a
tecnologia”, completou o diretor. “Mas é triste atingir um ponto em que a salvação está em um laboratório. Chegamos tarde. A espécie
tinha que ter sido protegida na natureza.” (Adaptado de: KAZ, Roberto. Revista Piauí. Disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/eramos-cinco)

Nabiré representava 20% dos rinocerontes-brancos-do-norte ainda vivos.



Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:

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Fonte: TéCNICO DA RECEITA ESTADUAL - TECNOLOGIA DA INFORMAçãO / SEFAZ - SEGEP/MA / 2016 / FCC