Simulado Polícia Civil do Estado do Espírito Santo - PCES | Investigador | 2019 pre-edital | Questão 66

Língua Portuguesa / Regência verbal e nominal; Locuções verbais (perífrases verbais)


FOTOGRAFIA E AUTOIMAGEM
ELLEN PEDERÇANE A fotografia há muito é um recurso de memória,
seja de cunho coletivo, histórico, registro
documental ou pessoal. É memória, testemunho
de uma época, de um acontecimento ou apenas
recordação de um momento importante de
história pessoal/familiar. A cada dia expande
seu campo de ação e amplia seus significados,
valores e funções. Hoje, um peso que vem
ganhando notoriedade é o da autocontemplação.
Do indivíduo perdido nesse cotidiano acelerado
do século XXI permitindo-se parar e se observar
ao ser fotografado.
Com o surgimento da fotografia digital, a
proximidade dela com a população ganhou uma
nova perspectiva. E seja de forma artística ou
comercial, a possibilidade de ser retratado por
um profissional é maior hoje do que há 20 anos.
E essa proximidade da fotografia com o cidadão
comum, entre outros quesitos, tem cumprido esse
papel reflexivo: quem somos em meio a toda
essa loucura que vivemos. O quanto nos olhamos
dentro desse furacão.
Um simples ensaio fotográfico pode mexer
seriamente com nossa autoestima. Agora, a
fotografia é a cura da baixa-estima? Não é isso.
Todavia, uma nova relação consigo mesmo,
com seu corpo, com sua imagem é um pontapé
importante para esses encontros constantemente
adiados entre nós e nós mesmos. Estar
“confortável” dentro do corpo que possuímos é um
passo importante na caminhada de descoberta
das incontáveis belezas que carregamos dentro
de nós.
Outro fator interessante que nasce dessa
proximidade é a quebra (mesmo que ainda de forma
tímida) de padrões. Propagandas, comerciais,
cinema, tantas informações que nos dizem como
nosso corpo deve ser, deixa tão distante de nós o
direito de saber o valor, a beleza e sensualidade
que todos carregamos. O crescimento do ensaio
boudoir* toca especialmente nesse ponto. São
pessoas descobrindo sua beleza, suas nuances,
se deliciando por ser quem se é, com suas curvas,
sem preocupação com a perfeição. É um ensaio
extremamente delicado e de um resultado tão
positivo. É um leve grito de resistência num mar
de padrões hipócritas. Todos têm de conhecer e
reconhecer sua beleza e celebrá-la a qualquer
hora. Um ensaio com essas características tem
um papel também social, psicológico, um olhar
que trata de inserir as pessoas e não as excluir
ainda mais.
Um trabalho sensível, delicado, que exige
tato do profissional. Uma experiência especial
para o retratado e para o fotógrafo. Trabalhar
com público e padrões fica mais interessante
quando a proposta é ir além do senso comum.
Tocar vidas e colaborar, mesmo com uma
pequena porcentagem, da relação de autoamor
que o retratado vive é apenas incrível. É aquele
bônus de fazer um bom trabalho. É o bônus de
compreender esses novos papéis da fotografia na
atualidade. É aquele bônus de se ter um trabalho
humano, atencioso, buscando olhar além do que
somos “treinados” a olhar.
* Boudoir: Ensaio fotográfico sensual que
mostra a intimidade , muitas vezes, de forma
despretensiosa, contribuindo para a melhora da
autoestima e da afirmação do corpo. Retirado e adaptado de: http://obviousmag.org/brincando_com_le-
tras/2017/fotografia-e-autoimagem.html. Acesso em: 13 ago. 2018.

De acordo com a regência verbal
e nominal na Língua Portuguesa,
considere o trecho a seguir e assinale
a alternativa correta: “Um trabalho
sensível, delicado, que exige tato do
profissional. Uma experiência especial
para o retratado e para o fotógrafo.
Trabalhar com público e padrões fica
mais interessante quando a proposta é
ir além do senso comum. Tocar vidas e
colaborar [...] é aquele bônus de fazer um
bom trabalho [...], buscando olhar além
do que somos “treinados” a olhar”.

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Fonte: AGENTE ADMINISTRATIVO / IPM/SP / 2018 / AOCP