Simulado Polícia Militar do Estado de Sergipe - PM/SE | Soldado Combatente | 2019 pre-edital | Questão 69

Língua Portuguesa / Verbos / Vozes verbais


O que é ler? Começo distraidamente a ler um livro. Contribuo com al-
guns pensamentos, julgo entender o que está escrito porque
conheço a língua e as coisas indicadas pelas palavras, assim
como sei identificar as experiências ali relatadas. Escritor e lei-
tor possuem o mesmo repertório disponível de palavras, coisas,
fatos, experiências, depositados pela cultura instituída e sedi-
mentados no mundo de ambos.
De repente, porém, algumas palavras me “pegam”. In-
sensivelmente, o escritor as desviou de seu sentido comum e
costumeiro e elas me arrastam, como num turbilhão, para um
sentido novo, que alcanço apenas graças a elas. O escritor me
invade, passo a pensar de dentro dele e não apenas com ele, ele
se pensa em mim ao falar em mim com palavras cujo sentido
ele fez mudar. O livro que eu parecia soberanamente dominar
apossa-se de mim, interpela-me, arrasta-me para o que eu não
sabia, para o novo. O escritor não convida quem o lê a reencon-
trar o que já sabia, mas toca nas significações existentes para
torná-las destoantes, estranhas, e para conquistar, por virtude
dessa estranheza, uma nova harmonia que se aposse do leitor.
Ler, escreve Merleau-Ponty, é fazer a experiência da “reto-
mada do pensamento de outrem através de sua palavra”, é uma
reflexão em outrem, que enriquece nossos próprios pensamen-
tos. Por isso, prossegue Merleau-Ponty, “começo a compreen-
der uma filosofia deslizando para dentro dela, na maneira de
existir de seu pensamento”, isto é, em seu discurso. (Marilena Chauí, Prefácio. Em: Jairo Marçal,
Antologia de Textos Filosóficos. Adaptado)

Sem que haja mudança de sentido do texto original quanto à conjunção empregada e transpondo-se para a voz passiva o período – De repente, porém, algumas palavras me “pegam”. – (2.º parágrafo), obtém-se:

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Fonte: CONTADOR JUDICIáRIO / TJ/SP / 2013 / VUNESP