Simulado Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ | Analista Administrativo - Informática | 2019 pre-edital | Questão 337

Língua Portuguesa / Emprego do sinal indicativo de crase


Marilena Chaui, filósofa brasileira, afirma que, para
a classe dominante brasileira (os “liberais”), democracia é o
regime da lei e da ordem. Para a filósofa, no entanto, a
democracia é “o único regime político no qual os conflitos são
considerados o princípio mesmo de seu funcionamento”:
impedir a expressão dos conflitos sociais seria destruir a
democracia. O filósofo francês Jacques Rancière critica a ideia
de democracia que tem estruturado nossa vida social — regida
por uma ordem policial, segundo ele —, devido ao fato de ela
se distanciar do que seria sua razão de ser: a instituição da
política. Estamos acomodados por acreditar que a política é
isso que está aí: variadas formas de acordo social a partir das
disputas entre interesses, resolvidas por um conjunto de ações
e normas institucionais. Essa ideia empobrecida do que seja a
política está, para o autor, mais próxima da ideia de polícia, já
que diz respeito ao controle e à vigilância dos comportamentos
humanos e à sua distribuição nas diferentes porções do
território, cumprindo funções consideradas mais ou menos
adequadas à ordem vigente. Estamos geralmente tão
hipnotizados pela “necessidade de um compromisso para se
alcançar o bem comum” e pela opinião de que “as instituições
sociais já estão fazendo todo o possível para isso”, que não
conseguimos perceber nossa contribuição na legitimação dessa
política policial que administra alguns corpos e torna invisíveis
outros.
O conceito de política trabalhado pelo autor traz como
princípio a igualdade. Uma igualdade que não está lá como
sonho a ser alcançado um dia, mas que é uma potencialidade
que “só ganha realidade se é atualizada no aqui e agora”. E
essa atualização se dá por ações que irão construir a
possibilidade de os “não contados” serem levados em conta,
serem considerados nesse princípio básico e radical de
igualdade. Para além dos movimentos sociais, existem os
ainda-sem-nome e ainda-sem-movimento. Diz o autor que a
política é a reivindicação da parte daqueles que não têm parte;
política se faz reivindicando “o que não é nosso” pelo sistema
de direitos dominantes, criando, assim, um campo de
contestação. Em uma sociedade em que os que não têm parte
são a maior parte, é preciso fazer política. Marco Antonio Sampaio Malagodi. Geografias do dissenso: sobre conflitos, justiça ambiental
e cartografia social no Brasil. In: Espaço e economia: Revista Brasileira de Geografia
Econômica. jan./2012. Internet: (com adaptações).

Julgue os itens que se seguem, acerca das estruturas linguísticas do
texto.

O emprego do sinal indicativo de crase na expressão “ respeito
ao controle e à vigilância dos comportamentos humanos”(L.16-17) é facultativo.

Voltar à pagina de tópicos Próxima

Fonte: ADMINISTRADOR / Ministério da Justiça / 2013 / CESPE