Simulado Polícia Militar do Distrito Federal - PMDF | Soldado Combatente | 2019 pre-edital | Questão 178

Língua Portuguesa / Emprego do sinal indicativo de crase


Memórias de um aprendiz de escritor Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho que não aprendi, a gente nunca
para de aprender – não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas
recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias dos personagens que me
encantam, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Teseu, os Argonautas, Mickey Mouse,
Tarzan, os Macabeus, os piratas, Tom Sawyer, Sacco e Vanzetti. Mas também as minhas próprias histórias, as
histórias de meus personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.
Na verdade, eu escrevi acima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é
verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha
fama de mentiroso. Fama, não; ele era mentiroso. Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos
ele.
Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldade sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a
qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando
apareceu ele, o mentiroso. Pálido:
– Vocês não podem imaginar!
Uma pausa dramática, e logo em seguida:
– Sabem este avião que estava em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que
coisa horrível!
E começou a descrever o avião incendiando, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí
veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrizar, são e salvo. Todo mundo começou a rir.
Todo mundo, menos o mentiroso:
– Não pode ser! – Repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!
Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os
olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo mais. E ele acreditava
no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse
escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes,
de palavras. (Scliar, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor)

“Daqui _____ alguns minutos ouviremos _____ notícias _____ respeito do acidente que ocorreu _____ duas horas.” Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente a afirmativa anterior.

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Fonte: AUXILIAR ADMINISTRATIVO / Pref. Paraopeba/MG / 2012 / IDECAN