Simulado Polícia Militar do Distrito Federal - PMDF | Soldado Combatente | 2019 pre-edital | Questão 193

Língua Portuguesa / Formação, classe e emprego de palavras


Texto I
Jaleco branco, nariz vermelho, cavaquinho
Esse “médico” receita risos para crianças doentes. Jakub*, 9 anos, está apavorado. O tumor no seu cérebro foi diagnosticado
recentemente e agora ele está em pé com a mãe no corredor do setor de oncologia
do Hospital Motol, em Praga, esperando a internação. Está assustado com a
reviravolta em sua vida, com os tratamentos médicos que virão, com o hospital.
De repente, os profundos olhos castanhos se acendem e ele dá um sorriso.
Pelo corredor vem um grupo de pessoas de jaleco branco e nariz de palhaço, com
chapéus e óculos engraçados. Debaixo da vestimenta hospitalar, podem-se ver
roupas igualmente engraçadas e coloridas. Alguns tocam cavaquinho e um deles
torce um balão no formato de espada e o entrega a Jakub. Os pequenos pacientes
de câncer, atraídos pela música, saem dos quartos do hospital para entrar na
festa, batendo os pés e batucando na mobília.
Há um palhaço específico – o líder – que chama a atenção de Jakub. É um homem alto e mais velho que usa
uma calçadeira em vez de gravata. Fala com outro palhaço com forte sotaque estrangeiro que as crianças acham
irresistivelmente engraçado. Riem. Por pouco tempo, pelo menos, esquecem que estão gravemente doentes.
O estrangeiro é Gary Edwards, um americano cuja paixão é levar risos e diversão a crianças em hospitais. “A
ideia é despertar o interesse pela vida. Isso faz parte do processo curativo.”
Edwards, 60 anos, americano de Ohio, estava destinado a se tornar médico, mas sua vida mudou de repente.
“Fiz a escola preparatória para o curso de medicina, mas sempre estive envolvido com a música e, aos 14 anos, já
tocava em shows”, diz ele. “Aí vendi uma canção e ganhei um bom dinheiro. A música sempre foi o meu primeiro
amor e por isso decidi estudá-la.”
Na faculdade, escreveu um musical para uma escola de palhaços e, em troca, recebeu uma bolsa de dois anos.
Em 1976, Edwards entrou na renomada Escola Dell Arte de Teatro Físico, em Blue Lake, na Califórnia. Enquanto
estudava lá, visitou um hospital, uma prisão e um orfanato, vestido de palhaço, como “experimento social”. As
visitas ao hospital foram as que mais lhe interessaram e que mais se mostraram promissoras, mas a hora dos
palhaços hospitalares ainda não chegara.
Nos vinte anos seguintes, como palhaço, ele viajou pelo mundo, levando a vida de um nômade circense. Na
década de 1990, começou a dar aulas para formar palhaços e também ajudou a treinar alguns grupos que visitavam
hospitais. Nessa época, escreveu comédias e musicais e fez apresentações em teatros e festivais da Europa à China e
nas Américas do Norte e do Sul. Em 1998, foi à República Tcheca pela primeira vez e lá se instalou. Foi onde
conheceu a mulher com quem se casaria.
Na República Tcheca, ninguém ouvira falar de palhaços hospitalares, e Edwards se dispôs a mudar isso.
“Havia muitos médicos que não conseguiam colocar humor e tratamento de saúde na mesma frase”, diz
Edwards. Era comum médicos e enfermeiros temerem que os palhaços atrapalhassem o serviço. “Por sorte, o meu
primeiro contato foi com a Dra. Ivana Korinkova, que trabalhava com tratamento psicossocial no Hospital Motol. Ela
entendeu imediatamente o que eu tentava fazer, apresentou-me a médicos do país inteiro e me ajudou a explicar o
que eu queria.”
Devagar e sempre, ele convenceu os hospitais e, nos anos seguintes, viajou pelo país visitando enfermarias
pediátricas, levando apenas o nariz de palhaço e o cavaquinho. Em 2001, fundou a entidade sem fins lucrativos
Health Clown Association, na esperança de atrair mais gente para fazer as visitas com ele e encontrar doadores e
patrocinadores que ajudassem a cobrir as despesas.
Hoje a associação emprega 82 palhaços, a maioria deles atores profissionais. Edwards lhes ensina a arte de ser
palhaço. Todo mês, são feitas cerca de 280 visitas a 62 hospitais de todo o país. Além de enfermarias pediátricas,
eles visitam idosos internados sem previsão de alta.
Nos últimos anos, Edwards ajudou a desenvolver o humor em projetos de assistência médica na Eslováquia, na
Nova Zelândia, na Polônia, na Palestina e na Croácia, além da República Tcheca. Ensinou a arte do palhaço hospitalar
em outros países também, como Alemanha, Hungria, Eslovênia, Áustria e Suíça. Hoje trabalha com a Red Noses
Clown Doctors International para ajudar a desenvolver projetos de palhaços hospitalares no mundo inteiro. Também
participa de seminários de assistência médica para enfermeiros e alunos de medicina, tanto na República Tcheca
quanto na Eslováquia, ensinando a usar o humor.

Em outubro de 2012, a Sociedade Pediátrica Tcheca escolheu Edwards para receber o prêmio de mérito anual
pelo seu trabalho.
“O papel dos palhaços da saúde ao melhorar o estado psíquico de crianças doentes, principalmente das que
sofrem de enfermidades graves e crônicas, é incomensurável”, diz o professor Jan Janda, presidente da sociedade.
O jovem Jakub e sua mãe concordariam. Quando os palhaços se preparam para ir embora, chega a hora de o
menino ser examinado para a internação.
– Os palhaços vão voltar? – pergunta ele ao médico que vem buscá-lo.
– Claro, eles sempre voltam.
– Que bom! – Jakub sorri.
Trabalho semelhante é desenvolvido no Brasil pelos Doutores da Alegria, organização que leva a arte do
palhaço aos hospitais desde 1991.
*Nome trocado para proteger privacidade. (Jánská, Lucie. Disponível em: http://www.selecoes.com.br/jaleco-branco-nariz-vermelho-cavaquinho. Acesso em: 24/04/2013. – Adaptado.)

Indique a alternativa cuja sequência de vocábulos apresenta, respectivamente: ditongo, hiato, ditongo.

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Fonte: ASSISTENTE ADMINISTRATIVO / CREFITO/PR / 2013 / IDECAN