Simulado Secretaria de Estado de Fazenda - SEFAZ/RJ | Auditor Fiscal da Receita Estadual | 2019 pre-edital | Questão 1307

Língua Portuguesa / Variedades de texto e adequação de linguagem


A Gazeta comentou hoje, com fina malícia, uma publica-
ção do Diário Oficial, contendo a lista de todas as patentes de
invenção que caíram em caducidade. É realmente interessante
a relação dessas “invenções”, que os inventores, desenganados
ou desprotegidos, não quiseram ou não puderam explorar:
máquinas de beneficiar café, instrumentos de música, selins,
carvão, mobílias, dentaduras, carros, tintas, caixões para defun-
tos, acendedores instantâneos, e que sei mais? não houve ra-
mo de indústria em que o gênio dos “inventores” não se exer-
citasse.
A mania de inventar é uma das mais espalhadas. [...]
Ah! pobre alma humana, sempre devorada por sonhos
torturantes, sempre incendida em desejos e ambições ardentes!
“Inventar” é a grande e fúlgida Quimera... Inventar é criar: quem
inventa é, mais ou menos, o rival de Deus, o êmulo das forças
vivas da natureza. Inventar é reproduzir a aventura arrojada de
Prometeu: é roubar ao céu um pouco do seu segredo, é entrar
em competência com a Divindade, é afrontar a força criadora e
misteriosa que rege o universo ... Ousado e rútilo sonho!...
Desses pobres inventores, desses infelizes filhos e conti-
nuadores do Prometeu antigo, quantos acabam desiludidos ou
loucos no catre do hospital ou na cela do manicômio! Mas quem
haverá que ouse rir dessa loucura ou dessa miséria? A mania
da “invenção” é a prova palpável, a demonstração cabal e
irrecusável da força da alma humana – dessa mártir encarce-
rada que vive a bracejar no duro cárcere, querendo partir os
liames que a cativam, querendo libertar-se de sua penúria mo-
ral, querendo voar e devassar os segredos da vida. Essa
doença é o Ideal!
Confesso que, lendo a relação de patentes publicada pe-
lo Diário Oficial, não tenho a coragem de sorrir. O sentimento,
que essa leitura me inspira, é uma mistura de tristeza e de
admiração: tristeza pela inanidade dos nossos sonhos, e
admiração pelo incansável aspirar, pela ânsia infinita, pela
sagrada e perpétua revolta da alma humana contra a sua misé-
ria, e pelo seu eterno desejo de saber, de compreender, de
criar, de caminhar para a luz... (Olavo Bilac. Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996.
p. 490)

Quanto ao desenvolvimento textual, a afirmativa correta é:

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Fonte: ASSESSOR TéCNICO DE CONTROLE INTERNO / Assembleia Legislativa/RN / 2013 / FCC