Simulado Agência Nac. de Transportes Terrestres - ANTT | Cargo 4: Analista Administrativo - Contábeis | 2019 pre-edital | Questão 244

Língua Portuguesa / Domínio da estrutura morfossintática do período / Colocação dos pronomes átonos


Esta é uma pergunta que supõe polos opostos. Qual o
valor supremo a ser realizado pelo ensino?
A prioridade concedida à informação percorre
caminhos diferentes do projeto de formar o cidadão consciente,
o espírito crítico, o ser humano solidário?
Até certo ponto sim. Entupir a cabeça do aluno (penso
no jovem que se prepara para um vestibular) com dados,
nomes, números e esquemas, o que significa em termos de
formar uma pessoa justa, verdadeira, compassiva, democrática?
A aspiração de Montaigne continua viva, mais do que nunca:
a criança não deve ser um vaso que se encha, mas uma vela que
se acenda.
Para não descambar no puro ceticismo, lembro que o
exercício constante das ciências físico-matemáticas, das
ciências biológicas e da pesquisa histórica pode contribuir para
a formação de hábitos de atenção e rigor que, provavelmente,
irão propiciar o respeito à verdade, o que é sempre um
progresso moral. Digo “provavelmente” porque os numerosos
exemplos de transgressão da ética científica, movidos por
interesses e paixões, não permitem expressões de otimismo
exagerado.
Permanece inquietante a questão de formar a criança
e o jovem para valores que ainda constituem o ideal do nosso
tão sofrido bípede implume. O malogro da educação
liberal-capitalista nos aflige como, em outro contexto, nos teria
afligido um projeto de educação totalitária. Esta impõe,
mediante a violência do Estado, a passividade inerme do
cidadão, ao qual só resta obedecer aos ditames do partido
dominante. Conhecemos o que foi a barbárie nazifascista, a
barbárie stalinista, a barbárie maoísta. De outra natureza é a
barbárie que vivemos no aqui-e-agora do consumismo
irresponsável, dos lobbies farmacêuticos, do desrespeito ao
ambiente, das violações dos direitos humanos fundamentais, da
imprensa facciosa e venal, dos partidos de aluguel, da
intolerância ideológica dos grupelhos, da arrogância dos
formadores de opinião espalhados pela mídia e pelas
universidades.
Um plano oficial de educação pouco poderia fazer
para alterar esse iminente risco de desintegração que afeta a
sociedade civil, atingindo classes e estamentos diversos; mas
que ao menos se faça esse pouco! Alfredo Bosi. A valorização dos docentes é a única forma de
construir uma escola eficiente. Chega de proletários do giz. In:
Carta Capital. Ano XIX, n.º 781, p. 29 (com adaptações).

Acerca das ideias desenvolvidas no texto acima e das estruturas
linguísticas nele empregadas, julgue os itens.

No trecho “nos teria afligido um projeto de educação
totalitária” (L.25-26), o pronome “nos” poderia ser
corretamente empregado imediatamente após a forma verbal
“teria”, escrevendo-se teria-nos.
.

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Fonte: AGENTE ADMINISTRATIVO / CADE / 2014 / CESPE