Simulado Tribunal Regional Federal - 2ª Região | Analista Judiciário - Área: Administrativa | 2019 pre-edital | Questão 448

Português / Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação


Quando se olha para o que aconteceu no cenário cultu-
ral brasileiro durante a última década e meia, não há como es-
capar do impacto da tecnologia. Ela possibilitou a reorganização
dos universos da música, dos filmes e dos livros. Motivou igual-
mente o surgimento das mídias sociais e das megaempresas
que as gerenciam, além de democratizar e ampliar a produção
em todas as áreas. Nunca se produziu tanto como agora.
As inovações tecnológicas modificaram completamente o
debate sobre cultura, trazendo, para os próximos anos, ao
menos três questões centrais. A primeira é a tensão entre as
formas ampliadas de criatividade e os contornos cada vez mais
restritos dos direitos autorais. Com a tecnologia, gerou-se um
contingente maciço de novos produtores de conteúdo. Isso faz
com que os limites do que chamamos “cultura” fiquem perma-
nentemente sujeitos a contínuas “invasões bárbaras”, vindas
dos recantos mais inusitados. Vez por outra, alguns casos sim-
bólicos extraem essas tensões do cotidiano no qual elas
ocorrem e as colocam num contexto jurídico, em que uma de-
cisão precisa ser tomada.
O outro tema é o permanente conflito entre passado e
futuro, exacerbado pela atual revolução tecnológica. Em seu li-
vro mais recente, Retromania, o escritor e crítico inglês Simon
Reynolds afirma que nosso atual uso da tecnologia, em vez de
apontar novos caminhos estéticos, está criando um generaliza-
do pastiche do passado. Vivemos num mundo onde todo legado
cultural está acessível a apenas um clique. Uma das respostas
inteligentes à provocação de Reynolds vem dos proponentes da
chamada “nova estética”, como o designer inglês James Bridle:
para eles, mesmo sem perceber com clareza, estamos desen-
volvendo novos modos de representar a realidade, em que o
“real” mistura-se cada vez mais a sucessivas camadas virtuais.
O mundo está cheio de novidades. É só reeducar o olhar para
enxergá-las, algo que Reynolds ainda não teria feito.
A tese de Reynolds abre caminho para o terceiro ponto.
Na medida em que “terceirizamos” nossa memória para as
redes em que estamos conectados (a nuvem), ignoramos o
quanto o suporte digital é efêmero. Não existe museu nem ar-
quivo para conservar essas memórias coletivas. Artefatos digi-
tais culturais se evaporam o tempo todo e se perdem para sem-
pre: são deletados, ficam obsoletos ou tornam-se simplesmente
inacessíveis. Apesar de muita gente torcer o nariz à menção do
Orkut, a “velha” rede social é talvez o mais rico e detalhado do-
cumento do período 2004-2011 no Brasil, já que registrou em
suas infinitas comunidades a ascensão da classe C e a pro-
gressão da inclusão digital. No entanto, basta uma decisão do
Google para tudo ficar inalcançável. (Adaptado de Ronaldo Lemos. Bravo! outubro de 2012, edição
especial de aniversário, p. 26)

... que as gerenciam ... (1º parágrafo)


... e as colocam num contexto jurídico ... (2º parágrafo)



Os pronomes grifados acima referem-se, respectivamente,
aos termos do texto transcritos em:

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Fonte: TéCNICO JUDICIáRIO - ÁREA APOIO ESPECIALIZADO/ESPECIALIDADE CONTABILIDADE / TRF 4ª / 2014 / FCC