Simulado Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - TJSP | Escrevente Técnico Judiciário | 2019 pre-edital | Questão 218

Língua Portuguesa / Crase


Nas minhas pesquisas, tenho constatado que muitas
mulheres brasileiras reproduzem e fortalecem, consciente
ou inconscientemente, a lógica da dominação masculina. É
verdade que o discurso hegemônico atual é o de libertação
dos papéis que aprisionam a maioria das mulheres. No en-
tanto, os comportamentos femininos não são tão livres assim;
muitos valores mais tradicionais permanecem internalizados.
Existe uma enorme distância entre o discurso libertário das
brasileiras e seu comportamento e valores conservadores.
Não pretendo alimentar a ideia de que as mulheres são
as piores inimigas das mulheres, mas provocar uma reflexão
sobre os mecanismos que fazem com que a lógica da domi-
nação masculina seja reproduzida também pelas mulheres.
Nessa lógica, como argumentou Pierre Bordieu, os homens
devem ser sempre superiores: mais velhos, mais altos, mais
fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados. Essa
lógica constitui as mulheres como objetos, e tem como efeito
colocá-las em um permanente estado de insegurança e de-
pendência. Delas se espera que sejam submissas, contidas,
discretas, apagadas, inferiores, invisíveis.
Em O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir escreveu que
não definiria as mulheres em termos de felicidade, e sim de
liberdade. Ela acreditava que, para muitas, seria mais confor-
tável suportar uma escravidão cega do que trabalhar para se
libertar. A filósofa francesa afirmou que a liberdade é assus-
tadora, e que, por isso, muitas mulheres preferem a prisão
à sua possível libertação. No entanto, ela acreditava que só
existiria uma saída para as mulheres: recusar os limites que
lhes são impostos e procurar abrir para si e para todas as
outras o caminho da libertação. (Miriam Goldenberg, O inferno são as outras. Veja, 07.03.2018)

Assinale a alternativa em que a passagem – Ela acreditava que, para muitas, seria mais confortável suportar uma
escravidão cega do que trabalhar para se libertar. – está
reescrita de acordo com a norma-padrão de regência e
de emprego do sinal de crase.

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Fonte: TéCNICO LEGISLATIVO / Câmara de São José dos Campos/SP / 2018 / VUNESP