Simulado Câmara Municipal de Belo Horizonte - CMBH | Técnico Legislativo II | 2019 pre-edital | Questão 37

Língua Portuguesa / Conhecimento da língua / Estrutura do período e da oração: aspectos sintáticos e semânticos


Internet e fraude Alguém duvida que a internet tenha mudado a vida das pessoas? Não, ninguém pode duvidar disso. A internet não
é apenas um meio de comunicação ou de informação; é um jeito de viver, um novo jeito de viver, e a história do mundo
vai se dividir em duas fases: AI (antes da Internet) e DI (depois da Internet).
E ai do AI! A internet subverteu totalmente a milenar ideia de que os mais velhos detêm o conhecimento. Agora,
são eles que têm de aprender com os jovens, e não o contrário. Um aprendizado que, aliás, funciona: num projeto
conduzido nos Estados Unidos, adolescentes, orientados por professores de informática, prontificaram-se a dar aulas
sobre computador e internet para pessoas de idade. Ficaram, os veteranos, melindrados com a situação? Nada disso.
Antes do treinamento, só 5% sentiam-se à vontade com internet. Depois do treinamento, essa porcentagem subiu para
80%. O vovô pode, sim, aprender com os netos. Vale para computador, vale para celular, vale até para controle remoto.
Mas há um lugar em que a internet está causando problemas: a sala de aula.
No passado, era muito comum os professores pedirem aos alunos que preparassem, em casa, trabalhos sobre
temas diversos. As pesquisas para isso eram feitas em bibliotecas ou em enciclopédias. No mínimo, os jovens tinham de
copiar os textos. Agora eles simplesmente podem baixá-los da internet. E podem contar também com o auxílio de
empresas especializadas, que elaboram até teses de mestrado e de doutorado. A frequência com que isso está
acontecendo é muito grande; nos Estados Unidos, 50% dos alunos admitem que já recorreram a esse tipo de fraude. Por
causa disso, surgiu uma nova especialidade, a detecção de fraudes, um método que conta até com um programa de
computador, o Turnitin, capaz de identificar a cópia.
Pergunta: será que isso vale a pena? Transformar os professores em êmulos da Polícia Federal será a solução do
problema? Ou seria melhor pensar sobre as causas desse fenômeno?
Em primeiro lugar, precisamos nos dar conta de que, como foi dito, copiar os alunos sempre copiaram, só que
antes faziam isto à mão. Alguém alegará que dessa forma aprendiam alguma coisa, mas trata-se de uma afirmação
questionável: copiar pode ser simplesmente uma coisa mecânica. O melhor é perguntar: qual deve, afinal, ser a
característica de um trabalho de aluno? A mim a resposta parece óbvia. O trabalho do aluno, como o trabalho de
qualquer pessoa – como este texto que vocês estão lendo –, deve refletir seu pensamento e suas emoções. Ou seja: o
trabalho deve ser eminentemente pessoal. Deixem-me dar um exemplo tirado do ensino de medicina. Podemos pedir a
um aluno que escreva sobre as relações médico-paciente, e aí, sem dúvida, ele encontrará na internet montes de textos
copiáveis. Ou podemos pedir que descreva um episódio de sua própria vida: uma doença que teve e o papel que o
médico desempenhou então, com sua avaliação a respeito. Aí não tem como colar. Só a autenticidade resolve. E essa
autenticidade será extremamente educativa para o aluno.
Ou seja: a internet nos ensina coisas, sim. Até quando temos de pensar a respeito das armadilhas da internet e de
como evitá-las. (SCLIAR, Moacyr. Do jeito que nós vivemos – Belo Horizonte: Editora Leitura, 2007.)

Na frase “ E podem contar também com o auxílio de empresas especializadas,...” (4º§), a palavra “também” traz uma ideia de

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Fonte: AGENTE LEGISLATIVO / Câmara de Nova Friburgo/RJ / 2017 / CONSULPLAN