Simulado Inst. Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE | Agente Censitário Regional | 2019 pre-edital | Questão 15

Língua Portuguesa / Crase


XÓPIS Não foram os americanos que inventaram o shopping center.
Seus antecedentes diretos são as galerias de comércio de Leeds,
na Inglaterra, e as passagens de Paris pelas quais flanava,
encantado, o Walter Benjamin. Ou, se você quiser ir mais longe,
os bazares do Oriente. Mas foram os americanos que
aperfeiçoaram a ideia de cidades fechadas e controladas, à prova
de poluição, pedintes, automóveis, variações climáticas e todos
os outros inconvenientes da rua. Cidades só de calçadas, onde
nunca chove, neva ou venta, dedicadas exclusivamente às
compras e ao lazer – enfim, pequenos (ou enormes) templos de
consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja
existência e o sucesso dependem, acima de tudo, de não serem
invadidas pelos males da rua.
Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas
e grifes, que são as mesmas em todos, e a sensação de estar num
ambiente artificial, longe do mundo real, mas não pode deixar de
reconhecer que, se a americanização do planeta teve seu lado
bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros de
conveniência com que o Primeiro Mundo – ou pelo menos uma
ilusão de Primeiro Mundo – se espraia pelo mundo todo. Os xópis
não são exclusivos, qualquer um pode entrar num xópi nem que
seja só para fugir do calor ou flanar entre as suas vitrines, mas a
apreensão causada por essas manifestações de massa nas suas
calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio
ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis
tem algo de dessacralização. É a rua se infiltrando no falso
Primeiro Mundo. A perigosa rua, que vai acabar estragando a
ilusão.
As invasões podem ser passageiras ou podem descambar
para violência e saques. Você pode considerar que elas são
contra tudo que os templos de consumo representam ou pode
vê-las como o ataque de outra civilização à parte, a da irmandade
da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o choque de
duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem
a um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a
nossa realidade. O difícil seria escolher para qual das duas torcer.
Eu ficaria com a mentira dos xópis. (Veríssimo, O Globo, 26-01-2014.)

Há, no texto, três ocorrências do acento grave indicativo da crase


I. “...dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer”

II. “Os xópis são civilizações à parte...”

III. “...pode vê-las como ataque (...) à civilização dos xópis”.


As ocorrências em que o acento grave da crase é resultante da
junção de uma preposição solicitada por um termo anterior +
artigo definido são:

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Fonte: TéCNICO ESPECIALIZADO - ADMINISTRAçãO / DPE/RJ / 2014 / FGV