Simulado Ministério Público do Estado da Paraíba - MPPB | Técnico Ministerial - Suporte | 2019 pre-edital | Questão 51

Português / Regência nominal e verbal


Hoje, aos 88 anos, o sociólogo polonês Zygmunt
Bauman é considerado um dos pensadores mais emi-
nentes do declínio da civilização. Bauman é autor do con-
ceito de “modernidade líquida”. Com a ideia de “liquidez”,
ele tenta explicar a Luís A. Giron as mudanças profundas
que a civilização vem sofrendo com a globalização e o
impacto da tecnologia da informação.
L.A.G. − De acordo com sua análise, as pessoas
vivem um senso de desorientação. Perdemos a fé em
nós mesmos?
Zygmunt Bauman
− Ainda que a proclamação do “fim da
história” de Francis Fukuyama não faça sentido, pode-
mos falar legitimamente do “fim do futuro”. Durante toda a
era moderna, nossos ancestrais avaliaram a virtude de
suas realizações pela crescente (genuína ou suposta)
proximidade de uma linha final, o modelo da sociedade
que queriam estabelecer. A visão do futuro guiava o pre-
sente. Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro,
de modo que estamos mais descuidados, ignorantes e
negligentes quanto ao que virá. Fomos repelidos pelos
atalhos do dia de hoje.
L.A.G. − As redes sociais aumentaram sua força na
internet como ferramentas eficazes de mobilização.
Como o senhor analisa o surgimento de uma socie-
dade em rede?
Bauman
− As redes sociais eram atividades de difícil im-
plementação entre as comunidades do passado. De al-
gum modo, elas continuam assim dentro do mundo
off-line. No mundo interligado, porém, as interações so-
ciais ganharam a aparência de brinquedo de crianças
rápidas. Não parece haver esforço na parcela on-line, vir-
tual, de nossa experiência de vida. Hoje, assistimos à
tendência de adaptar nossas interações na vida real
(off-line), como se imitássemos o padrão de conforto que
experimentamos quando estamos no mundo on-line da
internet.
L.A.G. − Como o senhor vê a nova onda de protestos
no Oriente Médio, nos Estados Unidos e na América
Latina, que aumentou nos últimos anos?
Bauman
− Se Marx e Engels escrevessem o Manifesto
Comunista hoje, teriam de substituir a célebre frase ini-
cial – “Um espectro ronda a Europa − o espectro do
comunismo” − pela seguinte: “Um espectro ronda o
planeta − o espectro da indignação”. Esse novo espectro
comprova a novidade de nossa situação em relação ao
ano de 1848, quando Marx e Engels publicaram o Ma-
nifesto. Faltam-nos precedentes históricos para aprender
com os protestos de massa e seguir adiante. Ainda
estamos tateando no escuro.
L.A.G. − O senhor afirma que as elites adotaram uma
atitude de máximo de tolerância com o mínimo de
seletividade. Qual a razão dessa atitude?
Bauman
− Em relação ao domínio das escolhas culturais,
a resposta é que não há mais autoconfiança quanto ao
valor intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mes-
mo tempo, as elites renunciaram às ambições passadas
de empreender uma missão iluminadora da cultura. Hoje,
as elites medem sua superioridade cultural pela capaci-
dade de devorar tudo.
L.A.G. − Como diz o crítico George Steiner, os
produtos culturais hoje visam ao máximo impacto e à
obsolescência instantânea. Há uma saída para salvar
a arte como uma experiência humana importante?
Bauman
− Esses produtos se comportam como o resto
do mercado. Voltam-se para as vendas na sociedade dos
consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua
a ser o motor mais importante da economia, há pouca
oportunidade para que os objetos de arte cessem de
obedecer à sentença de Steiner.
L.A.G. − Seus livros parecem pessimistas, talvez
porque abram demais os olhos dos leitores. O senhor
é pessimista?
Bauman
; − A meu ver, os otimistas acreditam que este
mundo é o melhor possível, ao passo que os pessimistas
suspeitam que os otimistas podem estar certos... Mas
acredito que essa classificação binária de atitudes não é
exaustiva. Existe uma terceira categoria: pessoas com
esperança. Eu me coloco nessa terceira categoria. (Adaptado da entrevista de: GIRON, Luís Antônio, publicada na
revista Época. 19/02/2014. Disponível em http://epoca.globo.com)

Ao mesmo tempo, as elites renunciaram; às ambições passadas...



O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:

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Fonte: TéCNICO JUDICIáRIO - TECNOLOGIA DA INFORMAçãO / TRT 13ª / 2014 / FCC