Simulado Polícia Civil do Ceará - PCCE | Escrivão de Polícia | 2019 pre-edital | Questão 248

Língua Portuguesa / Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários)


Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar mantimentos.
Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras. Sinhá Vitória pedira
além disso uma garrafa de querosene e um corte de chita verme­-
lha. Mas o querosene de seu Inácio estava misturado com água,
e a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano, regateando
um tostão em côvado, receoso de ser enganado. Andava irreso­-
luto, uma longa desconfiança dava-­lhe gestos oblíquos. À tarde
puxou o dinheiro, meio tentado, e logo se arrependeu, certo de
que todos os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu­-as na algibeira, dirigiu­-se à
bodega de seu Inácio.
Aí certificou-­se novamente de que o querosene estava ba­-
tizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor. Seu Inácio
trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano virou o copo de um tra­-
go, cuspiu, limpou os beiços à manga, contraiu o rosto. Ia jurar
que a cachaça tinha água. Por que seria que seu Inácio botava
água em tudo? perguntou mentalmente. Animou­-se e interrogou
o bodegueiro:
– Por que é que vossemecê bota água em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-­se na calça­-
da, resolvido a conversar. O vocabulário dele era pequeno, mas
em horas de comunicabilidade enriquecia­-se com algumas ex­-
pressões de seu Tomás da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um
homem tão direito andar por este mundo de trouxa nas costas.
Seu Tomás era pessoa de consideração e votava. Quem diria? (Graciliano Ramos. Vidas secas. 118. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record,
2012, p. 27­

A partir da leitura do texto, pode­-se concluir que Fabiano

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Fonte: TECNóLOGO DE ADMINISTRAçãO POLICIAL-MILITAR / Polícia Militar/SP / 2014 / VUNESP