Simulado Banco do Brasil (BB) | Escriturário | 2019 pre-edital | Questão 287

Língua Portuguesa / Concordância nominal e verbal


A pátria de chuteiras O estilo de jogo e as celebrações dos torcedo-
res são publicamente reconhecidos no Brasil como
traços nacionais. Em um plano, temos o tão celebra-
do “futebol-arte” glorificado como a forma genuína de
nosso suposto estilo de jogo, e o entusiasmo e os
diversos modos de torcer como características típicas
de ser brasileiro. Mas, no plano organizacional, não
enaltecemos determinados aspectos, uma vez que
eles falam de algo indesejado na resolução de obs-
táculos da vida cotidiana. Nesse sentido, tais traços
do famoso “jeitinho” brasileiro não são considerados
como representativos do Brasil que idealizamos.
Repetido diversas vezes e vendido para o ex-
terior como uma das imagens que melhor retrata o
nosso país, o epíteto “Brasil: país do futebol” merece
uma investigação mais cuidadosa. Essa ideia foi uma
“construção” histórica que teve um papel importante
na formação da nossa identidade. Internamente a uti-
lizamos, quase sempre, com um viés positivo, como
uma maneira de nos sentirmos membros de uma na-
ção singular, mais alegre.
Não negamos a sua força nem sua eficácia sim-
bólica, mas começamos a questionar o papel dessa
representação na virada do século, bem como a atual
intensidade de seu impacto no cotidiano brasileiro.
Se a paixão pelo futebol é um fenômeno que ocorre
em diversos países do mundo, o que nos diferencia
seria a forma como nos utilizamos dele para cons-
truirmos nossa identidade e conquistas em compe-
tições internacionais? Observemos, no entanto, que
ser um aficionado não significa necessariamente se
valer do futebol como metáfora do país.
A Copa do Mundo possui uma estrutura narrativa
que estimula os nacionalismos. O encanto da com-
petição encontra-se justamente no fato de “fingirmos”
acreditar que as nações estão representadas por 11
jogadores. O futebol não é a nação, mas a crença de
que ele o é move as paixões durante um Mundial.
Mas, ao compararmos a situação atual com a car-
ga emocional de 1950 e 1970, especulamos sobre a
possibilidade de estarmos assistindo a um declínio do
interesse pelo futebol como emblema da nação.
O jogador que veste a camisa nacional também
representa clubes da Europa, além de empresas
multinacionais. As marcas empresariais estão amal-
gamadas com o fenômeno esportivo. As camisas e
os produtos associados a ele são vendidos em todas
as partes do mundo. Esse processo de desterritoria-
lização do ídolo e do futebol cria um novo processo
de identidade cultural. Ao se enaltecer o futebol como
um produto a ser consumido em um mercado de en-
tretenimento cada vez mais diversificado, sem um
projeto que o articule a instâncias mais inclusivas, o
que se consegue é esgarçar cada vez mais o vínculo
estabelecido em décadas passadas.
Se o futebol foi um dos fatores primordiais de
integração nacional, sendo a seleção motivo de or-
gulho e identificação para os brasileiros, qual seria o
seu papel no século 21? Continuar resgatando sen-
timentos nacionalistas por meio das atuações da se-
leção ou estimulá-los despertando a população para
um olhar mais crítico sobre o papel desse esporte na
vida do país? HELAL, R. Ciência Hoje, n. 314. Rio de Janeiro: SBPC e
Instituto Ciência Hoje. Maio de 2014. p. 18-23. Adaptado.

A concordância verbal está de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa em:

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Fonte: TéCNICO DE ADMINISTRAçãO E CONTROLE JúNIOR / PETROBRAS / 2015 / CESGRANRIO