Simulado Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES | Técnico Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 95

Língua Portuguesa / Flexão nominal e verbal


A REDESCOBERTA DO BRASIL Na segunda metade do século XVI, quando o
rei D. Manoel, o capitão-mor Pedro Álvares Cabral
e o escrivão Pero Vaz de Caminha já estavam mor-
tos havia mais de duas décadas, começaria a surgir
em Lisboa a tese de que o Brasil fora descoberto por
acaso. Tal teoria foi obra dos cronistas e historiadores
oficiais da corte. [...]
Embora narrassem fatos ocorridos havia apenas
meio século e tivessem acesso aos arquivos oficiais,
os cronistas reais descreveram o descobrimento do
Brasil com base na chamada Relação do Piloto Anô-
nimo. A questão intrigante é que em nenhum momen-
to o “piloto anônimo” faz menção à tempestade que,
segundo os cronistas reais, teria feito Cabral “des-
viar-se” de sua rota. Embora a carta de Caminha não
tenha servido de fonte para os textos redigidos pelos
cronistas oficiais do reino, esse documento também
não se refere a tormenta alguma. Pelo contrário:
mesmo quando narra o desaparecimento da nau de
Vasco de Ataíde, ocorrido duas semanas depois da
partida de Lisboa, Caminha afirma categoricamente
que esse navio sumiu “sem que houvesse tempo for-
te ou contrário para poder ser”.
Na verdade, a leitura atenta da carta de Caminha
e da Relação do Piloto Anônimo parece revelar que
tudo na viagem de Cabral decorreu na mais absoluta
normalidade e que a abertura de seu rumo para oeste
foi proposital. De fato, é difícil supor que a frota pu-
desse ter-se desviado “por acaso” de sua rota quando
se sabe – a partir das medições astronômicas feitas
por Mestre João – que os pilotos de Cabral julgavam
estar ainda mais a oeste do que de fato estavam. [...]

Reescrevendo a História

Mais de 300 anos seriam necessários até que
alguns dos episódios que cercavam o descobrimento
do Brasil pudessem começar a ser, eles próprios, re-
descobertos. O primeiro passo foi o ressurgimento da
carta escrita por Pero Vaz de Caminha – que por qua-
se três séculos estivera perdida em arquivos empo-
eirados. [...] O documento foi publicado pela primei-
ra vez em 1817, pelo padre Aires do Casal, no livro
Corografia Brazílica. Ainda assim, a versão lançada
por Aires do Casal era deficiente e incompleta [...].
A “redescoberta” do Brasil teria que aguardar mais
algumas décadas.
Não por coincidência, ela se iniciou no auge do
Segundo Reinado. Foi nesse período cheio de glórias
que o país, enriquecido pelo café, voltou os olhos para
a própria história. Por determinação de D. Pedro II, o
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (fundado
em 1838) foi incumbido de desvendar os mistérios
que cercavam o descobrimento do Brasil. [...]
Ainda assim, a teoria da intencionalidade [...] e a
tese da descoberta casual [...] não puderam, e talvez
jamais possam, ser definitivamente comprovadas.
Por mais profundas e detalhadas que sejam as aná-
lises feitas sobre os três únicos documentos originais
relativos à viagem (as cartas de Pero Vaz de Cami-
nha, do Mestre João e do “piloto anônimo”), elas não
são suficientes para provar se o descobrimento de
Cabral obedeceu a um plano preestabelecido ou se
foi meramente casual. BUENO, Eduardo. A Viagem do Descobrimento. Rio de Janeiro:
Objetiva, 1998. (Coleção Terra Brasilis, v. 1). p. 127-130. Adaptado.

A sentença em que o verbo está corretamente flexionado de acordo com a norma-padrão, sem provocar contradição de significado, é:

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Fonte: PROFISSIONAL BáSICO - ADMINISTRAçãO / BNDES / 2011 / CESGRANRIO