Simulado Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro - TJ-RJ | Analista Judiciário - Análise de Sistemas | 2019 pre-edital | Questão 300

Português / Regência nominal e verbal


Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber
que a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade. Mas
é preciso corrigir o tempo do verbo. Foi? Melhor escrever a frase
no presente. A escravidão ainda é uma das maiores vergonhas da
humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar mais o topo da
lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para
esquecermos ou escondermos a infâmia.
Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin
Skinner que ficou gravado nos meus neurônios. Seu título era A
Crime So Monstrous (Um crime tão monstruoso) e Skinner
ocupava-se da escravidão moderna para chegar à conclusão
aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra
época da história humana.
Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão,
como o tráfico de mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A
escravidão que denunciava com dureza era a velha escravidão
clássica − a exploração braçal e brutal de milhares ou milhões de
seres humanos trabalhando em plantações ou pedreiras ao som do
chicote. [...]
Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos
com o maior estudo jamais feito sobre a escravidão atual.
Promovido pela Associação Walk Free, o Global Slavery Index é
um belo retrato da nossa miséria contemporânea. [...]
A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava,
continua a espantar o mundo em termos absolutos com um número
que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14 milhões de escravos.
Falamos, na grande maioria, de gente que continua a trabalhar
uma vida inteira para pagar as chamadas "dívidas transgera-
cionais" em condições semelhantes às dos escravos do Brasil nas
roças.
Conclusões principais do estudo? Pessoalmente,
interessam-me duas. A primeira, segundo o Global Slavery Index, é
que a escravidão é residual, para não dizer praticamente
inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".
De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escra-
vidão; foi, pelo contrário, a existência de movimentos abolicionistas
que terminaram com ela. A escravidão sempre existiu antes de
portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo ao
Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo visto, continua a existir.
Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso
silêncio que a escravidão moderna merece da intelectualidade
progressista. Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos que
continuam acorrentados na África, na Ásia e até na América
Latina? [...]
O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode
relembrar ao mundo algumas vergonhas passadas. Mas confesso
que espero pelo dia em que Hollywood também irá filmar as
vergonhas presentes: as vidas anônimas dos infelizes da
Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme, não
têm final feliz. (Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos".
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br)

O verbo em negrito deve sua flexão ao elemento sublinhado em:

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Fonte: ANALISTA JUDICIáRIO - TECNOLOGIA DA INFORMAçãO / TRT 15ª / 2015 / FCC