Simulado Empresa de Pesquisa Energética - EPE | Assistente Administrativo | 2019 pre-edital | Questão 50

Língua Portuguesa / Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação


Um circo e um antipalhaço Em 1954, numa cidadezinha universitária dos Es-
tados Unidos, vi “o maior circo do mundo”, que conti-
nua a ser o sucessor do velho Barnum & Bailey, velho
conhecido dos meus primeiros dias de estudante nos
Estados Unidos. Vi então, com olhos de adolescente
ainda um tanto menino, maravilhas que só para os
meninos têm plenitude de encanto. Em 1954, reven-
do “o maior circo do mundo”, confesso que, diante de
certas façanhas de acrobatas e domadores, senti-me
outra vez menino.
O monstro – porque é um circo-monstro, que
viaja em três vastos trens – chegou de manhã a
Charlottesville e partiu à noite. Ao som das últimas
palmas dos espectadores juntou-se o ruído metálico
do desmonte da tenda capaz de abrigar milhares de
pessoas, acomodadas em cadeiras em forma de x,
quase iguais às dos teatros e que, como por mágica,
foram se fechando e formando grupos exatos, tan-
tas cadeiras em cada grupo logo transportadas para
outros vagões de um dos trens. E com as cadeiras,
foram sendo transportadas para outros vagões jaulas
com tigres; e também girafas e elefantes que ainda
há pouco pareciam enraizados ao solo como se esti-
vessem num jardim zoológico. A verdade é que quem
demorasse uns minutos mais a sair veria esta mágica
também de circo: a do próprio circo gigante desapa-
recer sob seus olhos, sob a forma de pacotes prontos
a seguirem de trem para a próxima cidade.
O gênio de organização dos anglo-americanos
é qualquer coisa de assombrar um latino. Arma e de-
sarma um circo gigante como se armasse ou desar-
masse um brinquedo de criança. E o que o faz com
os circos, faz com os edifícios, as pontes, as usinas,
as fábricas: uma vez planejadas, erguem-se em pou-
co tempo do solo e tomam como por mágica relevos
monumentais.
Talvez a maior originalidade do circo esteja no seu
palhaço principal. Circo norte-americano? Pensa-se
logo num palhaço para fazer rir meninos de dez anos
e meninões de quarenta com suas piruetas e suas
infantilidades.
O desse circo – hoje o mais célebre dos palhaços
de circo – é uma espécie de antipalhaço. Não ri nem
sequer sorri. Não faz uma pirueta. Não dá um salto.
Não escorrega uma única vez. Não cai esparramado
no chão como os clowns convencionais. Não tem um
ás de copas nos fundos de suas vestes de palhaço.
O que faz quase do princípio ao fim das funções
do circo é olhar para a multidão com uns olhos, uma
expressão, uns modos tão tristes que ninguém lhe
esquece a tristeza do clown diferente de todos os ou-
tros clowns . Trata-se na verdade de uma audaciosa
recriação da figura de palhaço de circo. E o curioso
é que, impressionando os adultos, impressiona tam-
bém os meninos que talvez continuem os melhores
juízes de circos de cavalinhos.
Audaciosa e triunfante essa recriação. Pois não
há quem saia do supercirco, juntando às suas im-
pressões das maravilhas de acrobacia, de trabalhos
de domadores de feras, de equilibristas, de bailari-
nas, de cantores, de cômicos, a impressão inespera-
da da tristeza desse antipalhaço que quase se limita
a olhar para a multidão com os olhos mais magoados
deste mundo. FREYRE, Gilberto. In: Pessoas, Coisas & Animais . São
Paulo: Círculo do Livro. Edição Especial para MPM Propa-
ganda, 1979. p. 221-222. (Publicado originalmente em O
Cruzeiro , Rio de Janeiro, seção Pessoas, coisas e animais,
em 8 jul. 1956). Adaptado.

Aos trechos abaixo, retirados do texto, foram propostas alterações na colocação do pronome.

Tal alteração está de acordo com a norma-padrão em:

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